Eugene Gaon, um ente que está a ser ao Ser…

Gaon de Assis, de si pode dizer:

Eu — Eugene H. Gaon de Assis — posso dizer isto: sou octogenário; logo, conto com inúmeros dias vividos; vívidos, não foram todos… A ser assim, se bem distante de mim, já vai a idade, a vaidade, fora meu alcance, quase já se encontra… Portanto, por tanto tempo que estou a viver, ainda que na escritura da vida em meu nome há algum haver, a ver com os dias atuais não tenho quase nada, ou até menos… Se outro tanto daqueles dias desejasse viver, ainda que tivesse disposição para fazê-lo, zelo e tempo para alcançar tal intento faltar-me-iam; e mais, se no meu distante passado já ficou grande parte da minha vida, ainda que eu tenha tempo disponível para esquadrinhá-lo, para mim, ele já não está a pesar… Apesar dessa realidade imposta pelo pretérito, ela não haverá de incomodar-me no presente, e mais, não me subjugará no porvir, pois desistir de existir não desejo, uma vez que, por inúmeras vezes, ainda hei de estender as minhas mãos ao bem, não obstante, receio que vez ou outra, sem o desejar, com elas ainda posso alcançar o mal… 

Tão logo dera os meus primeiros passos, mais firmes ficaram as minhas mãos; assim, pude alcançar as primeiras letras; depois de ordená-las, comecei a ler; de lá para cá, tenho lido, lido sempre; por certo, ao envolver-me com as palavras, descobri alguns dos seus segredos delas…

Já disse, ao passar pelo tempo, tempo a mais para ler encontrei, com efeito, ao conhecer palavras a mais, menos ignorei os livros… Com isso, fui ganhando força, até perder o medo de escrever para alguém que pudesse interessar-se pelos meus segredos revelados pelas minhas próprias letras… 

Por fim, algures alguém isto dissera: há algum tempo, Eugene H. Gaon de Assis, para livrar-se do peso que lhe impunham as suas insígnias dele, de vez, as desprezou; a ser assim, tudo que sabemos dele, é isto:

Ele é um ente que está a ser ao Ser…